quarta-feira, 19 de maio de 2010

Consulta

"A coisa melhó qui tem pra tê é plano de saúde. A pessoa vai lá quando tá duenti (e até quando num tá), vai naquela sala (é consultório que chama), e no lugar onde a gente ispera tem um monte de revista de gente famosa pra vê. Quando a genti entra, o médico pergunta o seu nome, pede pra você abrir a boca e coloca um palitinho láa dentro. Mas ele logo tira, ele qué vê não sei o quê lá dentro. Ele pergunta o que você tá sentindo, depois até ouve seu coração; diz que se a pessoa tá apaixonada o coração bate mais rápido (...) Depois pedi pra você dizer uns números... Na vez que eu fui o dotô pidiu pra eu falar trintetreis. Deve ser porque é a idade de Cristo né? Falar nisso eu quiria está sempre novinha assim, quiria tê continuado com trintetreis... Ah, meus trintetreis! Num era nem mocinha, nem senhora. Tava com tudo em cima e toda prosa! Já cunhecia as coisar boar da vida, já tinha as crianças, mas era tudo piquinininho. Faziam o que a gente mandava. Num tinha esse negoço de independência, não! Que hoje tem, e vai um monte de gente falar disso na televisão. Criança era criança e pronto. Mas de quê que eu tava falando mesmo hein? Ah, dos doutore! É. Coisa boa mesmo, menina! Plano de saúde é bom, bom... Eles te tratam como pessoa. Não é qui nem essir lugare que a gente vai, não. Nessir lugare o dotô nem olha pra sua cara e já sabe o qui você tem! Consulta... É, acho que qualqué dia desses vô marcá uma pra mim. Porque a gente não tem plano de saúde né? Vô tê qui pagá! Purisso é que eu falo: coisa boa mermo é ter plano de saúde..."

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